Uma Startup é uma empresa jovem com um modelo de negócios repetível, escalável, de alto potencial econômico, sem o crescimento da estrutura de custos, e que precisam ter uma ideia inovadora e de valor (não necessariamente ligada à tecnologia). Dessa forma são empresas que tem grande possibilidade de crescimento e potencial de ganho para os investidores. A potencial inovação e as perspectivas de lucratividade já seriam meio caminho andado para um desempenho satisfatório. Mas nem sempre é assim.
Na prática, muitas startups deixam de atingir seu pleno potencial por razões mercadológicas, societárias, de produto, de gestão ou de regulamentação. Enfrentam dificuldades de crescimento por desalinhamento entre os sócios sobre temas estratégicos, governança corporativa e gestão de riscos, que passam a ser grandes desafios enfrentados pelos empreendedores.
Em seu blog, Camila Farani, presidente da G2 Capital, investidora do Shark Tank (reality show com investidores interessados em dar apoio financeiro a grandes ideias de empreendimento), destaca um relatório lançado em 2020 pela Startup Genome, referência em tecnologia de dados, que aponta a principal causa da morte das Startups. A partir da análise de cerca de 3.200 startups, eles concluíram que, da maioria das startups que falharam, 70% falham devido ao dimensionamento prematuro.
Os padrões convencionais de governança e gestão de riscos foram desenhados para empresas que possuem um modelo de negócios provado, portanto com potencial de maior previsibilidade. Não se aplicam tão bem às startups, ou à nova economia onde o nível de incertezas é bastante elevado. O empreendedor precisa estar apto a reagir rapidamente a posicionamentos de mercado, menos amarrado a uma previsão de longo prazo. É muito difícil você seguir um planejamento de longo prazo quando você não consegue prever como o mercado irá se comportar e qual vai ser a aderência do seu produto ou serviço, uma startup cresce com a tentativa e erro em uma velocidade muito rápida.
Mas será que de alguma forma os founders e empreendedores não se beneficiariam de um modelo que propiciasse algum controle para suportar o crescimento exponencial? Afinal, justamente pelo nível de incertezas ser maior, é que a governança e a gestão de riscos não podem ser deixadas de lado.
Desta forma, a gestão de riscos não deve ser burocrática ao ponto de inibir a tentativa e erro de uma startup. Deve ser aliada do empreendedor em ajudá-lo a compreender as incertezas e na preparação de medidas que permitam a prevenção de riscos relevantes.
As startups bem-sucedidas que chegam à maturidade costumam passar com êxito por quatro fases em seu trajeto de evolução:
- Ideação
- Validação
- Tração
- Escala
Assim como mencionamos em nossos artigos anteriores, a gestão de riscos permeia toda a organização, bem como todas as fases da construção de uma empresa.
Descrevemos abaixo alguns exemplos de riscos a serem avaliados em cada fase de uma startup:
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Ideação
Fase entre o desenvolvimento da ideia e o entendimento do problema que se propõe a resolver ou gap do mercado que se propõe a ocupar.
Riscos:
- Capacidade financeira e perda suportável pelos fundadores;
- Participações societárias;
- Entrada e saída de sócios;
- Marcas, propriedade intelectual gerada e segredos de negócios.
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Validação
Fase em que o produto, mercado e modelo de negócio da startup encontram-se em experimentação, buscando responder às incertezas que foram mapeadas na fase de ideação.
Riscos:
- Contrato social e acordo de sócios;
- Venda de participações;
- Confusão entre patrimônio pessoal dos sócios e da empresa;
- Indefinição e clareza sobre a atuação dos sócios como executivos;
- Contratos com clientes;
- Prestadores de serviço e funcionários CLT;
- Prestação de contas a investidores.
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Tração
Fase em que a startup passa a ser uma scale-up, na qual o serviço/produto oferecido está validado e os desafios principais consistem em conquistar clientes e aumentar o faturamento sem renunciar aos princípios e valores da organização, sedimentando suas bases para a fase de escala.
Riscos:
- Falta de clareza sobre a tomada de decisão e alçadas de responsabilidade;
- Demonstrações financeiras (corretas, completas, válidas);
- Formação de Conselho consultivo ou de administração (órgão de governança);
- Planejamento e gestão orçamentária.
- Mudança nas expectativas do cliente.
- Introdução de novos regulamentos, questões políticas e riscos de não conformidade.
-
Escala
Fase no trajeto da scale-up na qual a empresa já está estabelecida. O objetivo daí em diante é crescer em um ritmo acelerado, garantindo a exploração ótima das oportunidades e a expansão do negócio em termos geográficos de mercado ou produtos, conforme a pertinência da estratégia da organização.
Riscos:
- Independência e perfil dos integrantes do Conselho de administração;
- Ausência de auditoria independente;
- Inexistência de um código de ética e conduta;
- Segurança da informação;
- Sistemas com contingência;
- Ausência de plano de sucessão.
Investidores e especialistas em gestão de startups destacam a fase 2 de validação como uma etapa muito importante para focar os esforços num produto ou modelo de negócio que realmente funcione. Em outras palavras, é a fase que mais olha (ou deveria olhar) para os riscos.
Por exemplo: uma marca conhecida de comida para gatos lançou um novo sabor. Quem tem gatos sabe que eles são enjoados e não saem comendo qualquer coisa que é colocada para eles comerem. Os gatos rejeitaram massivamente o produto, o que acabou resultando na retirada dele do mercado. A validação com o público-alvo, os gatos, teria minimizado o risco de baixa aceitação e prejuízo nas vendas deste produto.
Quais os benefícios do gerenciamento de riscos para uma startup?
- Ajuda a explorar as diferentes ameaças e como proteger a empresa contra elas.
- Contribui para avaliar as melhores maneiras de canalizar recursos para expor seus negócios a riscos mínimos.
- Protege os interesses de todas as partes interessadas, incluindo clientes, investidores e funcionários.
- Auxilia a pavimentar o acesso da startup à captação de recursos de investidores, o que muitas vezes influencia a velocidade e a consistência de seu crescimento.
- Pode fazer a diferença para a evolução saudável e criação de valor para empresas de alto crescimento.
- Antecipar-se à riscos de longo prazo como, por exemplo, o risco de um concorrente superar seu negócio. Pode não o afetar nos primeiros meses, mas pode causar estragos mais tarde, assim que o negócio do concorrente ganhar força.
Descrevemos abaixo, de forma bem resumida, quais os passos para a criação do processo de gestão de riscos em uma startup:
- Identificar os riscos
- Avaliar os riscos
Construa uma matriz de riscos contendo:
- uma coluna de identificação de risco
- uma coluna de análise de risco
- uma coluna de tratamento de risco
- uma coluna de monitoramento de risco
- Classificar os riscos (rank)
- Tratar os riscos
Escolha entre as opções:
- Prevenir riscos
- Mitigar riscos
- Transferir riscos
- Ignorar riscos
- Monitorar os riscos
Em nossos artigos anteriores já exploramos bastante cada um dos temas acima.
Essas práticas são acessíveis e devem ser implementadas de acordo com o estágio de maturidade do negócio, de acordo com os quatro pilares de governança:
- estratégia & sociedade,
- pessoas & recursos,
- tecnologia & propriedade intelectual e
- processos & accountability.
As práticas de governança devem estar presentes desde o momento em que startup é ainda uma ideia e devem fazer parte da cultura dos empreendedores.
Sua empresa só sobreviverá, desde que você possa protegê-la de ameaças iminentes, tanto a curto como a longo prazo. O sucesso depende de como você pesquisa as ameaças aos negócios e as opções de tratamento que você escolhe. Concentre-se na criação de uma estrutura de gerenciamento de risco forte para fortalecer sua empresa contra ameaças atuais e futuras.
Assumir o controle de seu cenário de risco é a melhor maneira de evitar esses riscos. Conte com nossa equipe nesse desafio:
www.vicenzisantiago.com / 55 11 4081-1039 / info@vicenzisantiago.com
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Referências:
- Gestão de Riscos – Diretrizes – ABNT NBR ISO 31000 – segunda edição 28.03.2018
- Você conhece de fato as etapas do investimento em startups?
https://www.camilafarani.com.br/
- IBGC – Governança Corporativa para Startups & Scale-ups
https://conhecimento.ibgc.org.br/Paginas/Publicacao.aspx?PubId=24050
- A Guide to Risk Management for Startups
https://www.entrepreneurshipinabox.com/19699/a-guide-to-risk-management-for-startups/
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